terça-feira, 14 de outubro de 2014

3 - Causas de Câncer


O câncer é um termo aplicado a um conjunto de doenças nas quais as células não respondem mais aos controles de crescimento. Uma única célula que se divide de forma anormal, eventualmente forma uma massa chamada de tumor. Um tumor pode ser benigno e não-lesivo, como a verruga comum, por exemplo. Uma neoplasia maligna (tumor maligno) é uma proliferação de células de crescimento rápido que progressivamente infiltram, invadem e destroem o tecido circundante e podem sofrer metástase.

A transformação de uma célula normal em célula cancerosa inicia com a lesão do DNA. Essa lesão pode ser causada por carcinógenos químicos (como foi mostrado na postagem anterior), por luz UV, vírus ou erro de replicação. As mutações que podem levar às transformações ocorrem em genes que regulam a proliferação e a diferenciação celular (estes são chamados de proto-oncogenes), suprimem o crescimento (chamados de genes supressores de tumor), direcionam as células irreparavelmente lesadas para apoptose ou reparam o DNA lesado.

Em resumo, o câncer é causado pelo acúmulo de mutações em genes envolvidos no crescimento e na diferenciação normal. Essas mutações dão origem a células cancerosas capazes de proliferação desregulada autônoma e infinita. Uma alteração na estrutura química do DNA, ou das sequências de base de um gene é, portanto, um requisito absoluto para o desenvolvimento de câncer.

Mas, como ocorrem essas lesões de DNA que levam a mutações?

A função do DNA depende da presença de vários grupos químicos polares nas bases de DNA, capazes de formar pontes de hidrogênio entre as fitas ou outras reações químicas. Os átomos de oxigênio e Nitrogênio nas bases de DNA são alvos de uma variedade de eletrófilos. Carcinógenos químicos podem reagir com esses eletrófilos causando mutação no DNA. As alterações estruturais no DNA também ocorrem por meio de radiação e luz UV, a qual causa a formação de dímeros de pirimidina.

Outra forma de mutação que aumenta a velocidade de crescimento das células é a amplificação de seus proto-oncogenes. Essa amplificação é o aumento de cópias do gene na célula. Se mais genes estão ativos, mais proteínas do proto-oncogene será produzida, aumentando a velocidade de crescimento das células.

Um vírus oncogênico que infecta a célula também aumenta a capacidade de tal célula se dividir. O oncogene do vírus pode ser integrado ao genoma da célula hospedeira, permitindo a produção de proteínas do oncogene anormal. A célula pode ser transformada e exibir um padrão anormal de crescimento. Em vez de inserir um oncogene o vírus pode simplesmente inserir um promotor forte no genoma da célula hospedeira

Por último, e não menos importante, as mutações em enzimas de reparo são, também, causas de câncer. A lesão no DNA está ocorrendo constantemente por exposição à luz do sol, radiação ambiental basal, toxinas e erros de replicação. Se as enzimas de reparo de DNA estão ausentes, as mutações se acumulam de forma muito mais rápida, e uma vez que uma mutação se desenvolve em um gene regulador de crescimento, pode se originar um câncer.

REFERÊNCIAS:
Bioquímica médica básica de Marks / Colleen Smith, Allan D. Marks, Michel Lieberman ; tradução Ângela de Mattos Dutra ... [et al.] – 2.ed. – Porto Alegre : Artmed, 2007.

8 comentários:

  1. Muito interessante saber que existem vírus que podem causar cânceres. As primeiras observações consistentes de que alguns vírus poderiam estar associados a certos tipos de tumores foram realizadas há quase um século. Desde então, os cientistas têm dedicado um grande esforço na pesquisa da origem viral do câncer em humanos. Como resultado destes estudos, foi possível estabelecer uma forte associação entre a infecção por alguns tipos de vírus e o desenvolvimento de vários cânceres em humanos. Alguns vírus, como por exemplo o vírus Epstein-Barr (EBV), o vírus da hepatite B (HBV), o vírus da hepatite C (HCV), o vírus humano linfotrópico para células T tipo I (HTLV-I), o vírus da imunodeficiência humana tipo I (HIV I) vários tipos de papilomavírus humano (HPV tipos 16, 18, 31, 33, 35, 39, 45, 51, 52, 56, 58, 59 e 66) tem sido classificados como carcinógenos tipo 1 pela Agência Internacional para Pesquisa sobre o Câncer (IARC) da Organização Mundial da Saúde (WHO). A infecção por estes vírus representa um grande problema de saúde pública uma vez que estima-se que estes agentes são responsáveis por 15% dos cânceres humanos.

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  2. Um fator importante abordado na postagem é a mutação em enzimas de reparo. Como foi bem informado, o DNA sofre mutações a todo instante, seja por ação de fatores endógenos ou exógenos. Quando ocorre algum problema que inative essas enzimas de reparo, a predisposição ao desenvolvimento de câncer de pele, por exemplo, eleva-se bastante. Tal fato explica-se pela grande porcentagem de cânceres de pele quando comparada ao número e incidência totais de cânceres. 25% dos cânceres do corpo são de pele. Os raios solares, sobretudos os ultravioletas modificam a estrutura do DNA, e um tumor benigno vindo de uma série exagerada de mitoses pode se tornar maligno pela não atividade das enzimas de reparo. Isso é uma dificuldade para a saúde no Brasil, pois não são todos os acometidos por câncer que podem ser submetidos a procedimentos cirúrgicos.
    Fonte: http://www.minhavida.com.br/saude/temas/cancer-de-pele

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  3. Além das causas citadas, convém citar que o estilo de vida parece influenciar no aparecimento de neoplasias. O álcool, por exemplo, retira a proteção natural da superfície interna do esôfago, deixando-o mais exposto aos fatores que predispõem ao câncer. Além disso, possui substâncias que agridem diretamente a superfície interna do órgão e alteram o crescimento e os mecanismos de proteção das células. Também o cigarro, como dito nas caixas, aumenta enormemente a possibilidade do surgimento de câncer, principalmente de pulmão.

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  4. Existem alguns exames bioquímicos simples que podem detectar com considerável grau de confiabilidade a presença de neoplasias como a de colo de útero causada por HPV, em que a integridade do colo do útero é determinada por sua afinidade com o iodo, identificana na colposcopia. O iodo tem afinidade por glicogênio, formando complexos de cores variadas dependendo da presença de polissacarídeos nas células. A coloração amarela da solução de lugol pode indicar a presença de neoplasias pré-cancerosas.
    FONTE:http://en.wikipedia.org/wiki/Colposcopy

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  5. Interessante a postagem esclarecer sobre os tumores, citando os benignos e explicando os malignos. Gostaria então, de falar um pouco mais sobre as verrugas, os tumores benignos. As verrugas são bastante frequentes, boa parte dos adultos já deve ter apresentado algum caso ao longo da vida. A transmissão ocorre através do contato direto com pessoas contaminadas, bem como é possível a transmissão por fômites. Ocorre, porém, que alguns sorotipos desse agente etiológico(Papilomavírus, causador das verrugas) são uma importante causa de certos tipos de cancro (tumor) maligno, como o cancro do colo de útero e o cancro do pênis. Logo, é preciso tomar cuidado. O tratamento é realizado através da retirada da verruga, que pode ser cirúrgica, por cauterização química, por criocirurgia ou pela administração local de substâncias denominadas como imunomoduladores.
    Referência: http://www.infoescola.com/dermatologia/verruga/

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  6. Interessante os métodos laboratoriais para determinar se um determinado câncer é metástico ou não: Para determinar se o câncer é primário ou metastático um patologista examina amostra do tumor sob microscópio. Em geral, células cancerosas parecem como versões anormais das células no tecido onde o câncer começou. Usando testes diagnósticos especializados, um patologista é frequentemente capaz de dizer de onde as células de câncer vieram. Marcadores ou antígenos encontrados nas células cancerosas podem indicar o local primário do câncer. O modo e o meio que o câncer se espaha também me chamou a atenção: As células cancerosas podem se espalhar a partir do câncer primário e entrar na corrente sanguínea e sistema linfático (o sistema que produz, armazena e carrega células para combater infecções). É assim que o câncer se espalha a outras partes do corpo. Quando as células de câncer se espalham e formam novo tumor em um órgão, esse novo tumor é metastático. As células no tumor metastático vêm do câncer original. Isso significa, por exemplo, que se o câncer de mama se espalhar para os pulmões, o tumor metastático é feito de células da mama e não do pulmão. Nesse caso, a doença nos pulmões é câncer de mama metastático e não câncer de pulmão. Destaca-se também o modo de se tratar de um câncer metástico: Quando ocorre metástase o câncer pode ser tratado com quimioterapia, radioterapia, terapia biológica, terapia hormonal, cirurgia, criocirurgia, ou uma combinação desses tratamentos. A escolha do tratamento geralmente depende do tipo de câncer primário, tamanho e localização da metástase, idade do paciente e sua saúde geral, e tipos de tratamentos que o paciente teve no passado. Fonte: http://www.copacabanarunners.net/mestastase.html

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  7. Realmente, as causas de um câncer podem ser diversas. No entanto, convêm lembrar que cerca de 80 a 90 por cento das causas de câncer tem como base os fatores ambientais. Nesse contexto, alguns são bem conhecidos, tais como cigarro que causa câncer de pulmão e a exposição excessiva ao sol que causa câncer de pele. Concomitantemente, com o passar dos anos e o envelhecimento do organismo, a possibiidade de transformação maligna das células torna-se maior, fato este que demonstra o porquê da maioria dos exames detectores de câncer ser indicado apenas para pessoas com certa idade. Afinal, não é a exposição ambiental em si que causa o câncer, mas sua intensidade de durabilidade
    Fonte:http://www.inca.gov.br/conteudo_view.asp?id=81

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  8. Explicação bem geral e esclarecedora sobre o câncer. Tomando o comentário do João Guilherme, que falou sobre a capacidade dos patologistas de identificarem a origem do tumor segundo as características das células cancerosas. Isso significa que quanto mais indiferenciada é a célula de câncer, pior ele será, pois será mais difícil determinar o local inicial do tumor, o que dificulta de forma substancial a eficiência do tratamento. Assim, quanto mais indiferenciadas as células do tumor, pior para o paciente, pois a célula indiferenciada se destaca com mais facilidade do tumor, aumentando o índice de metástases.

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