sábado, 11 de outubro de 2014

2 – Carcinógenos químicos e promotores de tumor

Existe uma relação direta entre certos produtos químicos e a formação de tumor. Eles reagem com a molécula de DNA do ser vivo causando, assim, mutações. Essas mutações podem levar a formação de tumores. Baseados nisso, toxicologistas procuraram por químicos com a capacidade de causar tumores de pele em ratos. Para fazer esse teste, um químico foi aplicado no dorso depilado de um animal. Os químicos aplicados se dividiram em dois grupos:
Grupo I – Iniciadores. Causou mutações no DNA.
Grupo II – Aumentou bastante a probabilidade que as células tinham de desenvolver tumor.
                Os compostos do grupo II ativam uma proteína quinase (fosforiladora). Essas proteínas normalmente são ativadas transitoriamente só quando as células normais são estimuladas a crescer. Os promotores de tumor, no entanto, levam a uma ativação aumentada da proteína-quinase C.
                Bruce Ames desenvolveu um teste rápido e simples para determinar quando químicos são mutagênicos. O teste básico usa bactérias que tem mutação em um gene necessário para a biossíntese de histidina e requerem histidina para o crescimento. As bactérias são tratadas com os químicos a serem testados, e o número que pode crescer na ausência de histidina é medido. As bactérias que não precisam de histidina mais para crescer devem ter adquirido uma segunda mutação, quimicamente induzida, que se opõe à inativação, mutação original. Dessa forma a capacidade dos químicos de alterar o DNA pode ser determinada.
                É muita antiga a observação de que a exposição dos seres humanos a determinadas substâncias presentes no meio ambiente ou no seu local de trabalho pode levar ao desenvolvimento de câncer. Já no final do século XVIII foi relatado que a ocorrência de câncer de escroto em limpadores de chaminés poderia está relacionada com a deposição de fuligem e alcatrão nas pregas escrotais. Posteriormente foi mostrado que a aplicação repetida de alcatrão de hulha na pele de animais leva ao eventual desenvolvimento de tumores malignos no sítio da aplicação. Hoje sabemos que o alcatrão da hulha contém hidrocarbonetos aromáticos carcinogênicos, como o benzeno[α]pireno.
                Atualmente os carcinógenos químicos compreendem um grupo muito diversificado de moléculas orgânicas e inorgânicas, com funções químicas variadas e que são capazes de promover processos neoplásicos em tecidos específicos. Algumas destas drogas podem estar presentes nas atividades diárias do homem e as indústrias representam a principal fonte de novos compostos químicos, potencialmente cancerígenos.
Comentário Clínico:
O câncer de pulmão atualmente corresponde a um quinto de todos os cânceres em homens e um décimo em mulheres. A taxa geral de sobrevida em cinco anos é menor do que 15%. Para aqueles que fumam dois ou mais maços de cigarro por dia, como faz Nick O’Tyne, a taxa de morte é 265 por 100.000 pessoas.

Fontes:
Bioquímica médica básica de Marks / Colleen Smith, Allan D. Marks, Michel Lieberman ; tradução Ângela de Mattos Dutra ... [et al.] – 2.ed. – Porto Alegre : Artmed, 2007.

Ana Paula M. Loureiro, Paolo Di Mascio e Marisa H. G. Medeiros. FORMAÇÃO DE ADUTOS EXOCÍCLICOS COM BASES DE DNA: IMPLICAÇÕES EM MUTAGÊNESE E CARCINOGÊNESE. Scielo. http://www.scielo.br/pdf/qn/v25n5/11409.pdf. 5 de outubro de 2014.


10 comentários:

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    1. Comentário removido para corrigir alguns erros que prejudicam o entendimento claro.

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  2. O câncer de pulmão está entre os que mais matam no Brasil. Entretanto, à essa doença está atrelado um preconceito de que foi obtida pelo único fato de fumar maços de cigarro ativamente. É sabido do meio científico que existem vários outros fatores que predispõem o organismo a desenvolver células tumorais malignas, como o fumo passivo, a aspiração de particulados da poluição do ar, aspiração de materiais como asbesto, radônio, arsênio, dentre outros, e o fator genético, o que sugere um histórico familiar já característico (http://www.minhavida.com.br/saude/temas/cancer-de-pulmao). Dessa forma, além de desenvolver um conjunto de ações que reduzam os índices de poluição, sobretudo do meio urbano, é preciso promover a retirada e devida substituição dos materiais potencialmente carcinogênicos e outros promotores de neoplasias, isso concomitantemente com a redução do número de fumantes ativos e, consequentemente, passivos.

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  3. Interessante o uso da histidina como marcador para detectar a capacidade dos químicos de alterar o DNA, e assim induzir mutações cancerosas nele. Sobre esse assunto, li recentemente um estudo, publicado na revista Environmental Health Perspectives, que associava o uso de produtor químicos femininos e a incidência do câncer de mama. O estudo elaborou uma lista de 17 substâncias cancerígenas prioritárias porque provocam tumores mamários nos animais, às quais muitas mulheres estão expostas.
    São produtos cancerígenos presentes na gasolina, no diesel e em outras substâncias que emanam dos veículos, assim como ignífugos, solventes, corrosivos de pinturas e derivados de desinfetantes usados no tratamento de água potável, os citados como prováveis agentes químicos desencadeadores do câncer de mama. Segundo um dos autores do estudo, esta pesquisa fornece elementos para prevenir o câncer de mama, ao passo que identifica produtos químicos aos quais as mulheres estão expostas com mais frequência, possibilitando o controle ou prevenção dessa exposição. O câncer de mama é a segunda causa de mortalidade por câncer entre as mulheres nos Estados Unidos, com 40.000 falecimentos estimados em 2014 e 232.670 novos casos diagnosticados, segundo o Instituto Nacional do Câncer, que estima que 2,89 milhões de mulheres sofrem atualmente deste tipo de câncer.
    Referência: http://www.oncoguia.org.br/conteudo/produtos-quimicos-podem-provocar-cancer-de-mama-diz-estudo/5577/7/

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  4. É interessante dizer que a integridade do DNA está sob constante agressão por radiação, mutágenos químicos e mudanças que surgem espontaneamente e por causa da eficiência com que o DNA é reparado, a taxa de mutação permanece baixa. Alem disso, convêm lembrar que 97% do DNA humano não é codificante, e desses 3% codificantes, ainda há os íntrons que são retirados depois que o RNAm é formado. Estima-se que menos de uma em um milhão de lesões ao DNA torna-se uma mutação. Todas as outras são corrigidas.

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  5. As substâncias carcinogênicas realmente têm preocupado muito os consumidores no cenário atual de alarme geral contra os mais diversos cânceres. Entretanto, para o ser humano é impossível determinar se determinada substância vai ou não causar câncer, visto que a doença resulta da interação do sistema imune, código genético, quantidade de exposição ao carcinogênico, etc. O que se pode determinar é a maior probabilidade de aparecimento de neoplasias associadas à exposição prolongada a determinada substância. Por exemplo, recentemente refrigerantes brasileiros estiveram envolvidos em pesquisas sobre suas propriedades carcinogênicas, devido à presença de benzeno(potencialmente carcinogênico) em suas composições. Obviamente que os responsáveis pelas empresas negaram a periculosidade dos produtos, mas fica claro que cabe ao consumidor pesquisar e, principalmente, ter cautela quanto ao que ingere.

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    1. Fonte: http://www.jornaldosite.com.br/materias/pesquisa&tecnologia/anteriores/edicao146/pesquisa14618.htm

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  6. Achei o exame extremamente prático e útil na determinação do perigo de certas substâncias. Mas é interssante notar que as pessoas geralmente associam carcinógenos com substâncias sintéticas, embora tantao substâncias sintéticas quanto naturais possam ter efeitos carcinogênicos semelhantes. Produtos como manteiga de amendoim, nozes e grãos podem acumular fungos que podem conter agentes carcinógenos
    FONTE:http://en.wikipedia.org/wiki/Carcinogen

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  7. Esses teste vêm classificando ao longo dos anos várias substâncias que são potencialmente carcinogênicas. Uma delas é muito comum no nosso meio, estudantes e profissionais da saúde, que é o formol. O formaldeído é um composto comprovadamente carcinogênico e por isso já foi proibido de fazer parte dos ingredientes de vários produtos do dia-a-dia, como tintas de cabelos e outros cosméticos. Muitos profissionais que trabalham em indústrias que usam essa substância desenvolvem câncer e por isso existem leis que determinam a quantidade e o tempo máximo de exposição ao formol. No caso de laboratórios dos Serviços Hospitalares e de
    Anatomia Patológica a quantidade de vapor de formol no ar excede os normativos, o que põe em risco a saúde de quem usa esses locais.

    Fonte: http://www.facene.com.br/wp-content/uploads/2010/11/EFEITOS-DA-UTILIZA%E2%94%9C%2587%E2%94%9C%2583O-DO-FORMALDE%E2%94%9C%258DDO.pdf

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  8. Interessante apontar que muitas substâncias que estimulam a formação de cânceres, como os radicais livres, podem ser eliminadas do organismo mais facilmente através do uso de antioxidantes. Prevenir o câncer com antioxidantes é possível porque os antioxidantes protegem as células dos danos celulares a nível nuclear que dão origem aos tumores. Os antioxidantes são vitaminas como a vitamina C ou E, mineiras como zinco e selênio ou outras substâncias como carotenoides e flavonoides que estão presentes em certos alimentos e por isso são antioxidantes naturais. Os antioxidantes também podem ser produzidos em laboratórios e por isso estarem disponíveis como suplementos alimentares. Ajudar a prevenir o câncer com antioxidantes significa que o consumo destas substâncias vão reduzir o risco de vir a desenvolver a doença e não que essa doença não vai aparecer, por isso se pode ter uma alimentação rica em antioxidantes e o câncer da mama aparecer na mesma, por exemplo, mas quem faz uma alimentação rica em antioxidantes terá menos risco de vir a ter câncer do que quem não faz este tipo de alimentação. Fonte: http://www.tuasaude.com/prevenir-o-cancer-com-antioxidantes-e-possivel/

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